Embarcação do Inferno

Co-produção entre CENDREV – Centro Dramático de Évora e A Escola da Noite.

Estreado em 2016 no Teatro Garcia de Resende, com encenação de António Augusto Barros e José Russo, “Embarcação do Inferno” mantém-se em cena até hoje, tendo sido apresentado em mais de 200 sessões. Foi visto por mais de 21 mil espectadores *.

A obra de Gil Vicente é uma marca incontornável nos repertórios d’A Escola da Noite e do Cendrev, que partilham o gosto por trabalharem sempre o texto original, ainda que por meio de abordagens cénicas contemporâneas.

No ano em que se assinalaram os 500 anos da primeira apresentação do “Auto de Moralidade da Embarcação do Inferno”, também conhecido como “Auto da Barca do Inferno”, os dois grupos decidiram montar o mais estudado e mais emblemático texto vicentino. As companhias assumem a vontade de celebrar com o público este momento fundador do Teatro português: Gil Vicente não é “apenas” o nosso maior dramaturgo, ele é uma das figuras cimeiras da nossa literatura e da nossa cultura, pese embora o insistente esquecimento a que tem sido votado. À falta de datas precisas de nascimento e morte, é a sua obra que pode e deve ser comemorada, em particular o “Auto da Barca do Inferno”, obra maior da Idade Média europeia.

A peça tem cumprido uma intensa digressão por todo o país (16 localidades, 211 sessões, mais de 22.205 espectadores * ).

As duas companhias convidam assim os espectadores a voltarem a olhar para a peça e a confrontarem-se com tudo o que ela continua a ter para nos oferecer, cinco séculos depois. No texto que escreveu para o programa do espetáculo, o consultor científico do projeto, José Augusto Cardoso Bernardes, salienta: “pela mão qualificada, segura e inventiva da Escola da Noite e do Centro Dramático de Évora, ficamos em condições de problematizar temas de sempre: Morte e Vida, Mal e Bem, Ter e Poder. E, para tal, nem sequer precisamos de sair completamente do século XXI. Com os pés assentes no nosso tempo, bastará alongar o ouvido e apurar a visão para escutar a sensibilidade e a moral de um outro tempo que, afinal, não está ainda tão afastado de nós como pode parecer.”

O espetáculo é co-encenado pelos diretores artísticos das duas companhias – António Augusto Barros e José Russo e conta com um elenco de ambas as companhias. A equipa inclui ainda Ana Rosa Assunção (figurinos e bonecos), João Mendes Ribeiro e Luisa Bebiano (cenografia), António Rebocho (iluminação) e Luís Pedro Madeira (música).

* dados de 2024

 


FICHA TÉCNICA
:

Texto: Gil Vicente | Encenação: António Augusto Barros e José Russo | Interpretação: Ana Meira, Igor Lebreaud, Jorge Baião, José Russo, Maria Marrafa, Miguel Magalhães, Ricardo Kalash, Rosário Gonzaga (os atores Maria João Robalo, Rui Nuno e Sofia Lobo fizeram também parte do elenco) | Cenografia: João Mendes Ribeiro, Luísa Bebiano | Figurinos, bonecos e imagem gráfica: Ana Rosa Assunção | Música: Luís Pedro Madeira | Desenho de luz: António Rebocho | Consultadoria científica: José Augusto Cardoso Bernardes | Consultadoria de esgrima: Henrique Guerra | Assistência de encenação: Sofia Lobo | Direção de montagem: António Rebocho, Rui Valente | Operação de luz e som: António Rebocho, José Diogo | Direção de cena: Miguel Magalhães | Fotografia: Carolina Lecoq, Eduardo Pinto, Paulo Nuno Silva | Construção e Montagem de Cenário: António Rebocho, Carlos Figueiredo, Paulo Carocho, Tomé Antas, Tomé Baixinho | Execução De Figurinos: Maria Do Céu Simões | Produção Executiva: Cláudia Silvano, Pedro Rodrigues | Agradecimentos: Brigada De Intervenção — Exército Português, Cena Lusófona, Companhia De Bombeiros Sapadores De Coimbra, Teatro Dos Estudantes Da Universidade De Coimbra
 

Teatro da Cerca de São Bernardo, Coimbra

Dia 27 e 28 de Março. Sessões para escolas, 2x por dia
Dia 31 de Março a 4 de Abril. Sessões para escolas, 2x por dia
Dia 5 e 6 de Abril. Sessões para público geral

Número de espectáculos+200


Realizou-se mais uma temporada com o espetáculo, no Teatro Garcia de Resende em Évora de 15 a 19 e 22 a 26 de Janeiro de 2024,.

Sessões para público escolar (9º/10º/11º/12º) às 11h00 e 15h00.

Sessão para público, 20 de janeiro às 19h00

 

Ao todo, foram 16 sessões para escolas e associações de pensionistas e reformados pertencentes aos distritos de Évora e Beja (Évora, Moura, Beringel, Beja, Cuba, Vidigueira, Arraiolos, Reguengos de Monsaraz, Vendas Novas, Alvito, Serpa, S. Manços, Torre de Coelheiros, Boa Fé, Giesteira, Azaruja), contabilizando um total de 1668 espetadores.

Sessão 190 da Embarcação do Inferno, no Teatro da Cerca de S. Bernardo.
Coímbra, 11 de Janeiro de 2023.

Com Rosário Gonzaga, Ricardo Kalash, Jorge Baião, Ana Meira, José Russo, Igor Lebreaud, Miguel Magalhães e Maria Marrafa.

Excerto da edição de 15/11/2016 do programa "Literatura Aqui", da RTP 2


Floresta de Enganos

“Oh, quantos modos de enganos
acho nesta triste vida!”
Gil Vicente (1536)

 

Escrita e representada pela primeira vez em Évora em 1536, “Floresta de Enganos” é a última obra de Gil Vicente. Considerada, a muitos títulos, como uma “peça-problema” dentro da obra vicentina, é uma peça de enigmas e mistérios, de subentendidos que deixaram de ter o seu contexto, em que se cruzam os planos de seres mitológicos e terrenais.
Classificada como comédia na Compilação de 1562, esse é o tom em que a peça se desenvolve, com personagens que reciprocamente tentam enganar-se em histórias paralelas e um “gran finale”, com casamento e música. No prólogo, o Filósofo anuncia mesmo uma “fiesta de alegría”, que começa com um Mercador que “pensando d’enganar, / ha de quedar engañado” e nos há-de contar a história de Grata Célia, filha do Rei Telebano, vítima dos amores do próprio Cupido e dos sucessivos enganos que este engendra para conquistar o afecto da Princesa.
Ao contrário do resto da peça, e sobrevivendo como “texto autónomo”, este prólogo tem contudo acentos trágicos. O Filósofo, com um Parvo atado ao pé, preso e proibido de falar, não deixa de segredar ao público que está a pagar pelo que disse, pelo que criticou, pelos seus “consejos muy sanos”. Escrito no mesmo ano em que a Inquisição haveria de chegar a Portugal e ponto terminal da obra de Gil Vicente, o discurso deste Filósofo parece constituir um testemunho e um testamento das ideias políticas, sociais e religiosas do autor.

 

Ficha técnica:
Encenação: José Russo | elenco: Ana Meira, Beatriz Wellencamp Carretas, Hugo Olim, Jorge Baião, José Russo, Maria Marrafa, Miguel Magalhães | espaço cénico: João Mendes Ribeiro, Luísa Bebiano, Sebastião Resende | música: Paulo Vaz de Carvalho | esculturas: Sebastião Resende | luz: António Rebocho | figurinos e imagem gráfica Ana Rosa Assunção | cabelos Carlos Gago | consultadoria científica: José Augusto Cardoso Bernardes
fotografias de Carolina Lecoq

 

Co-produção CENDREV | A ESCOLA DA NOITE

 

ÉVORA:
TEATRO GARCIA DE RESENDE
2 a 12 de Dezembro, 2021

 

COIMBRA:
TEATRO DA CERCA DE SÃO BERNARDO
20 de janeiro a 6 de fevereiro, 2022