O Pó da Inteligência
Kateb Yacine
Março de 1977
Teatro Garcia de Resende
Évora
Centro Cultural de Évora
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Kateb Yacine estava no 3º ano do ensino secundário quando ocorreram as manifestações de 8 de Maio de 1945, nas quais participou. Terminaram com o massacre de entre seis e oito mil argelinos pelo exército e polícia franceses no Massacre de Sétif e Guelma. Três dias depois, foi detido e encarcerado durante dois meses. A partir desse momento, tornou-se partidário da causa nacionalista. Mais tarde é expulso da escola secundária, assiste ao declínio da saúde mental da sua mãe e atravessa um período de desânimo, imerso nos escritos de Lautréamont e Baudelaire. O pai manda-o para a escola secundária em Bône (Annaba) onde publica a sua primeira coleção de poesia (1946). Começou a dar palestras sob os auspícios do Partido Popular Argelino, ‘o grande partido nacionalista das massas’. Yacine foi para Paris em 1947, “para a toca do leão”, como depois escreveu. Após a morte do seu pai em 1950, Yacine trabalhou como estivador solitário em Argel. Regressou a Paris, onde permaneceria até 1959. Durante este período, trabalhou com o poeta Malek Haddad, criou laços de amizade com o pintor M’hamed Issiakhem, e em 1954, comunica extensivamente com Bertold Brecht.
A peça ‘O Pó da Inteligência’ (La Poudre d’intelligence) foi encenada em Paris em 1967 e uma versão árabe argelina em Argel em 1969.
Com uma ironia deliciosa, Kateb Yacine pinta um retrato devastador dos representantes das autoridades civis e religiosas: em La poudre d’intelligence, os sultões, Mufti e Ulama são todos tolos. Basta a aparência de um espírito livre, um pensador esquivo apropriadamente chamado Nuage de Fumée, para que todos sejam ridicularizados. Nesta peça de um só ato, a zombaria visa tanto o seu obscurantismo insondável como o eterno conluio de interesses entre os poderosos e os profissionais da religião
FICHA TÉCNICA:
Traducao: Christine Zurbach e Luís Varela | Encenação: Luís Varela | Dramaturgia: Christine Zurbach | Cenografia e Figurinos: Manuel Costa Dias | Adereços: Manuel Costa Dias e Francisco Baião | Mestra de guarda-roupa: Amélia Varejão | Iluminação/desenho de luz: João Carlos Marques | Direção técnica: Mano António | Maquinistas: António Galhano, Arsénio Borrucho e Noé Carloto | Costureiras: Celeste Passinhas, Mariana do Vale, Natividade Pereira, Mariana Verónica, Alcina Casbarra e Maria Celeste Justino.
Actores: Leandro Vale, Alice Vasconcelos, José Caldeira, Avelino Bento, Rui Madeira, Igor Teixeira, Fernando Mora Ramos, Figueira Cid, Rosário Gonzaga, Victor Zambujo, Francisco Baião, Fernando Manuel e Álvaro Corte-Real.