Notícia
7 de junho a 9 de julho 2023
Paços do Concelho
Quando em 1975 se instalou em Évora um coletivo de homens e mulheres de teatro, liderados por Mário Barradas, e iniciaram o projeto de descentralização cultural no país, não se imaginava como isso podia contribuir para o desenvolvimento teatral e cultural em todo o território português. Hoje, isso resulta muito claro porque encontramos profissionais de teatro que aqui fizeram a sua formação em muitos projetos artísticos que se foram instalando em diferentes lugares. A criação de uma Escola de Formação Teatral, quase em simultâneo com a fundação da companhia e a esta profundamente ligada, foi uma aposta absolutamente determinante para o quadro de trabalho que se foi desenhando na cidade e na região, mas também para alimentar o surgimento e a vida de novos projetos teatrais.
Évora é também uma referência porque a companhia assumiu, deste o princípio, uma clara opção pelo teatro de reportório, dando às dramaturgias portuguesas uma particular importância e de entre estas o Painel Vicente, que se traduz na apresentação de 19 novos espetáculos com textos de Mestre Gil, vistos por milhares de espetadores, onde se incluem muitas gerações de alunos das nossas escolas. A valorização da obra vicentina tem tido também expressão em exposições, conferências e muitas publicações para além dos textos que acompanham os programas dos espetáculos.
A relação com os jovens públicos tem sido também uma constante nos processos de trabalho que temos desenvolvido, para além dos espetáculos que montamos ou acolhemos dirigidos especialmente a estes públicos, chegámos a assumir a existência de uma Unidade de Infância, que, para além das suas próprias criações, organizou um Festival de Teatro para a infância e juventude, com o envolvimento de um conjunto de companhias de referência do panorama teatral europeu.
O trabalho realizado em torno dos Bonecos de Santo Aleixo, marionetas tradicionais do Alentejo, espólio recolhido através do último bonecreiro popular Mestre António Talhinhas, assumiu uma dimensão verdadeiramente extraordinária, não só porque se trata de um espetáculo permanente da companhia, mas porque nos fomos dando conta da importância deste património no panorama das marionetas em todo o mundo. Os Bonecos de Santo Aleixo, que continuam a apresentar-se regularmente nas aldeias do Alentejo, onde a memórias destas “figuras de pau” continua viva, já se apresentaram também em muitos palcos do mundo e são os anfitriões da BIME – Bienal Internacional de Marionetas de Évora que organizamos na cidade Património Mundial desde 1987. A próxima edição vai decorrer entre 6 e 11 de junho de 2023.
O CENDREV é um verdadeiro centro de ação teatral onde se cruzam diversas áreas e componentes da vida do teatro. A prática sistemática e continuada que temos desenvolvido ao longo dos anos configura, não só, a clara vocação de serviço público do nosso projeto, como constitui um importante fator de animação do processo de desenvolvimento cultural da cidade e da região.
Esta prática continuada de trabalho implicou também a constituição de redes de contactos e parcerias com inúmeros criadores e instituições no plano nacional e internacional, contribuindo ativamente para a valorização dos projetos artísticos em que nos envolvemos.
Agora que nos estamos a apresentar neste espaço dedicado à cultura, devemos manifestar o nosso profundo reconhecimento ao Município de Arraiolos por nos permitir trazer esta exposição de materiais que ilustram o percurso artístico de uma companhia de teatro que tem desenvolvido todo o seu trabalho a partir do Teatro Garcia de Resende, um equipamento cultural construído especialmente para a arte cénica e dramática e que hoje apresenta condições únicas e raras para a prática teatral e não só.
“CENDREV 48 Anos em Cena”
de 7 de junho a 9 de julho
de segunda a sexta das 09h00 às 12h30, e das 14h00 às 15h30
Paços do Concelho de Arraiolos
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