Autos da Revolução
É o próprio Lobo Antunes que diz: “Não consigo conceber uma história onde as personagens não tenham carne”. Por isso é que as suas criaturas romanescas se encarnam tão naturalmente sobre um palco. Hoje, para falar da Revolução quarenta * anos depois e na situação dramática em que Portugal se encontra, pareceu-me imperativo convocar a linguagem e as imagens interiores deste imenso escritor, sabemos que apenas nos apoiando em poetas rebeldes podemos dar conta dum mundo que mete medo. António Lobo Antunes, ao dirigir o seu olhar para o passado, recusa-se a contribuir para a edificação duma lenda dourada do 25 de Abril. As personagens que cria nos romances que colocam a Revolução como tela de fundo não são nenhuns heróis, mas pessoas comuns, cheias de contradições, que levam uma vida anónima nas margens dos acontecimentos históricos. O espetáculo propõe os relatos cruzados de diferentes personagens: um operário carregador de mudanças, um empregado de escritório militante maoista, uma camponesa explorada numa Quinta, uma burguesa caridosa e um dono de empresas. Cada um recorda o seu 25 de Abril e conta o que sucedeu com ele. Desta confrontação nascem, por certo, perguntas inevitáveis com o andar do tempo e à luz da fervura que sacode o país atualmente.
Pierre-Étienne Heymann (2014) *
“Não podemos deixar fechar as portas que Abril abriu”
Como é sabido, o projeto teatral criado em Évora em janeiro de 1975 é, naturalmente, filho legítimo da revolução portuguesa. Daí que, quando o Ministério da Cultura nos lançou o desafio para integrar a programação das celebrações dos cinquenta anos do 25 de Abril, surgiu de imediato a ideia de voltar, mais uma vez, aos textos de António Lobo Antunes. Estes tinham resultado já num primeiro espetáculo em 2004 e numa segunda abordagem, em 2014, numa parceria do CENDREV com a ACTA – Companhia de Teatro do Algarve, ambos os projetos com dramaturgia e direção do nosso amigo Pierre-Étienne Heymann – homem de teatro, profundamente conhecedor da obra deste autor que se debruçou sobre a revolução portuguesa em várias das suas obras.
Convocámos este painel de personagens, desenhados pela poética e perspicácia de Lobo Antunes, para confrontar o público com um conjunto de olhares e inquietações sobre esses acontecimentos que transformaram profundamente a vida do povo português.
Com a Revolução de Abril, não foi conquistada apenas a liberdade e a democracia política, criaram-se também condições para notáveis avanços civilizacionais que hoje estão a ser profundamente delapidados. Sendo o teatro um espaço privilegiado de encontro e reflexão dos homens, este acontecimento maior da nossa História não podia deixar de constituir matéria do nosso trabalho.
CENDREV (2024)
Prólogo e epílogo (A partitura) de Auto dos Danados (1985) e Conhecimento do inferno (1980); Abílio e Militante de Fado Alexandrino (1983); Sofia, Filha do caseiro, Banqueiro de O Manual dos Inquisidores (1996) (Publicações Dom Quixote).
Canções:
El dia que me quieres (Carlos Gardel/Alfredo Le Pera)
Fadinho da prostituta da rua de Santo António da Glória (A.L. Antunes/Vitorino)
Fado Alexandrino (popular)
Espetáculo acompanhado da exposição itenerante LIBERDADE! LIBERDADE! A REVOLUÇÃO NO TEATRO
Integrado nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.
FICHA TÉCNICA:
Autor: António Lobo Antunes | Seleção de textos e dramaturgia: Pierre-Étienne Heymann | Direção: Gil Salgueiro Nave e José Russo | Interpretação: Ana Meira, Carolina Pequito, Ivo Luz, Jorge Baião, José Russo e Mariana Ramos Correia | Direção musical: Gil Salgueiro Nave | Execução musical: Mariana Ramos Correia | Iluminação: António Rebocho | Espaço cénico, figurinos e adereços: CENDREV | Comunicação: Helena Estanislau | Fotografia e vídeo: Carolina Lecoq | Direção de produção e Gestão financeira: Cláudia Silvano | Programação e circulação: Patrícia Hortinhas | Costureira: Adozinda Cunha | Design gráfico: Alexandra Mariano | Apoio técnico: Beatriz Sousa e Fabrísio Canifa | Colaboração da equipa do TGR: Ana Duarte, Carlos Mavioso, Margarida Mouro, Miguel Madeira, Sílvia Rosado e Tomé Baixinho | Distribuição: Vítor Fialho | Limpeza: Fernanda Rochinha | Tradução LGP: Associação de Surdos de Évora – Núria Galinha |Agradecimentos: Câmara Municipal de Arraiolos e Câmara Municipal de Évora
Apresentações anteriores:
Teatro da Cerca de São Bernardo, Coimbra
16 de Abril, 19h00. 2025.
Mora
18 de abril, às 21h30. 2025.
Teatro Garcia de Resende, Évora
21 a 26 de abril, 19h00. 2025.
Casa da Música Jorge Peixinho, Montijo
27 de Abril, 16h00. 2025.
Évora
26 de novembro, 19h00. 2024 – Escola Primária do Bairro de Almeirim
Graça do Divor
21 de novembro, 19h00. 2024 – Novo Espaço Recreativo de Nossa Senhora da Graça do Divor (Antigo Lavadouro)
Biblioteca Municipal de Arraiolos
25 de outubro, 2024 – 21h30
26 de outubro, 2024 – 18h00
Informações: (+351) 266 703 112 / Contactos
Compra de bilhetes: www.bol.pt
Lá
Dois homens e uma rapariga querem mais da vida. Do interior para a cidade, nos anos sessenta do século passado, da cidade para o interior, na atualidade, a sua história é uma metáfora das migrações nas últimas décadas e, também, das desigualdades territoriais neste canto da Europa.
Texto José Luís Peixoto
Encenação e desenho de luz Miguel Seabra
Interpretação Abel Duarte, Cristiana Sousa e Eduardo Correia
Espaço cénico Hugo F. Matos e Miguel Seabra
Figurinos Hugo F. Matos
Música original e espaço sonoro Rui Rebelo
Fotografia Susana Monteiro
Assistência de encenação Mariana Lencastre
Assistência de cenografia e figurinos Marco Fonseca (Teatro Meridional) e Carlos Cal e Conceição Almeida (Teatro do Montemuro)
Montagem e operação técnica André Reis (Teatro Meridional) e José José (Teatro do Montemuro)
Produção executiva, comunicação Abel Duarte e Sofia Macedo, Joana Miranda (Teatro do Montemuro) e Susana Monteiro, Teresa Serra Nunes, Catarina Pereira (Teatro Meridional)
Gestão financeira e direção de produção Paulo Duarte (Teatro do Montemuro) e Vanessa Alvarez (Teatro Meridional)
Direção artística do Teatro do Montemuro Abel Duarte, Eduardo Correia e Paulo Duarte
Direção artística do Teatro Meridional Miguel Seabra e Natália Luiza
Coprodução Teatro Meridional e Teatro do Montemuro 2025
Teatro Garcia de Resende
11 e 12 de abril às 19h00
Informações: (+351) 266 703 112 / Contactos
Compra de bilhetes: www.bol.pt
VER&APRENDER: Dois Ratos
A história do Rato do Campo e do Rato da Cidade contada com desenhos, música e algumas minhocas.
No campo, os vizinhos sabem tudo. As notícias correm depressa, mesmo entre as criaturas mais lentas (estou a olhar para vocês, caracóis!). Por isso, quando o Rato do Campo decide visitar o seu primo na Cidade, todos os animais já sabem da viagem. Quando chega à metrópole, apercebe-se de como tudo é diferente, e ele e o primo discutem sobre onde é melhor viver, no Campo ou na Cidade? Não chegam a nenhuma conclusão, mas não faz mal, a viagem para fora sempre foi mais divertida do que a viagem para dentro
Peça de teatro criada e interpretada com Nicolau, co-produzida com LU.CA.
Criação Joana Estrela e Nicolau | Texto Joana Estrela | Música Nicolau | Intérpretes Joana Estrela e Nicolau | Vozes Éme e Moxila
Coprodução LU.CA – Teatro Luís de Camões
Salão Nobre do Teatro Garcia de Resende
30 e 31 de março, 11h00
A parceria de acolhimento com o CENDREV incluí a delegação de espaços para montagens, ensaios e apresentação. Disponibilização de equipamento e de pessoal técnico, serviços de frente de casa e bilheteira do TGR, bem como apoio na divulgação e comunicação do evento.
O evento é integrado na programação no âmbito da RTCP – Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses.
Informações: (+351) 266 703 112 / Contactos
Compra de bilhetes: www.bol.pt
Os Lusíadas Como Nunca os Ouviu
Para António Fonseca, Os Lusíadas é primordialmente a história da primeira viagem marítima entre Lisboa e a Índia. Desde 2008, o ator tem aprimorado um projeto de audição (em teatros, tertúlias, num audiolivro) desta obra maior: “Difícil de ler, sobretudo pelo jogo sintático, Os Lusíadas revela-se fácil de ouvir.” No âmbito das comemorações dos 500 anos do nascimento de Camões, António Fonseca convoca-nos para duas propostas de leitura. De Lisboa à Índia – Ida, destinado ao público escolar, centra-se na ideia de viagem e estende-se até ao Canto VI (chegada à Índia): oferece contexto e atualização à narrativa, sonda o ritmo e a musicalidade da linguagem. De Lisboa à Índia – Ida e Volta abrange toda a obra e convida o público em geral para uma desconstrução de Os Lusíadas, rasteirando ideias feitas. Num caso e noutro, enquadrada por comentários e interações, há uma grande “estória da condição de ser humano” a ouvir em conjunto.
António Fonseca. Nasceu em 1953 em Santo Tirso. Estudou Teatro e Filosofia. Alguns trabalhos mais recentes em teatro: Suécia de Pedro Mexia, enc. Nuno Cardoso; Ensaio de Orquestra, a partir de F. Fellini, enc. Tónan Quito; O
Inesquecível Professor, de Pedro Gil; Catarina e a beleza de matar fascistas, de Tiago Rodrigues; Os Lusíadas como nunca os ouviu, a partir de L Camões A matança Ritual de Gorge Mastromas, de David Kelly, enc. Tiago Guedes; Medronho, de Sandro W Junqueira, enc. Giacomo Scalisi; Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett, encenação de Rogério de Carvalho…. Televisão: Terra Brava; Mar Salgado (SIC); Cidade Despida; Depois do Adeus; Odisseia; Os Boys; Sul; Causa Própria (RTP1)… Cinema: Primeira Obra de Rui Simões; Sombras Brancas de F. Vendrell; Primeira Obra de Rui Simões Vida Invisível, de Karim Ainouz (vencedor de Un Certain Regard no festival de Cannes); Snu, de Patrícia Sequeira; L’Aragnée Rouge de Franco Florino; Nomeação para os Prémios Sophia de cinema (ator secundário) em Florbela, de Vicente Alves do Ó…. Gravou Os Lusíadas, no audiolivro Os Lusíadas como nunca os ouviu – versão integral da epopeia de Luís de Camões e Amor de Perdição de Camilo Castel Branco – Imprensa Nacional Casa da Moeda.
Desenvolveu projetos nos domínios do Teatro e Educação e de formação com destaque para o trabalho na Escola Secundária Camilo Castelo Branco (Carnaxide), Escola Superior de Educação de Coimbra (Curso de Teatro e Educação), Teatro Nacional de S. João e Companhia de Teatro de Braga.
Texto Luís de Camões | Por António Fonseca | Promoção, difusão e agendamento: Companhia Nacional de Espectáculos
Este espetáculo foi criado no âmbito do projeto Próxima Cena. Uma iniciativa do Teatro Nacional D. Maria II, do BPI e da Fundação ”la Caixa”
Teatro Garcia de Resende
28 de março, sessões para escolas às 11h00 e às 15h00
29 de março, sessão para público em geral às 19h00
Informações: (+351) 266 703 112 / Contactos
Compra de bilhetes: www.bol.pt
A Festa
‘A Festa’, uma peça escrita pelo dramaturgo italiano Spiro Scimone, é uma obra que explora temas profundos e complexos da vida familiar e social, através de uma narrativa aparentemente simples. A história desenrola-se numa casa modesta onde se nota uma desavença entre pai e filho adulto durante a celebração do aniversário da mãe. Contudo, ao longo do encontro, o que começa como uma celebração jovial transforma-se num cenário de revelações e tensões ocultas.
Autor: Spiro Scimone | Tradução: Jorge Silva Melo | Encenação: Maria João Luís | Cenografia e cartaz: José Manuel Castanheira | Desenho de luz: Tasso Adamopoulos | Construção de cenário e operação de luz: William Alves | Operação de som: João Nuno Henriques | Fotografias de ensaio: Rafaela Schmitt | Vídeo promocional e fotografias: Ovelha Eléctrica | Produção e comunicação: Celina Gonçalves | Assistência de produção e comunicação: Patrícia Morais e Rafaela Schmitt | Direção artística do Teatro das Beiras: Fernando Sena | Interpretação: Miguel Brás, Miguel Henriques, Susana Gouveia
Teatro Garcia de Resende
27 de março, 2025
21h30
Entrada gratuíta mas sob reserva. Bilhetes só estão disponíveis na bilheteira física no balcão do TGR.
Informações: (+351) 266 703 112 / Contactos
Compra de bilhetes: www.bol.pt
Inseta
Orlanda Amarílis, escritora que este ano cumpriria 100 anos, deixou uma obra extensa e revolucionária, feminista e ‘decolonial’, da qual decalcamos para o espetáculo sobretudo a personagem Maira da Luz, de “A Casa dos Mastros”, transformada em inseto por uma dupla colonização pela sociedade e pelo poder colonial (citando livremente Bonnici). Diz Orlanda que “Maira da Luz tinha desaparecido sem deixar rastro”. O teatro, na sua tarefa impossível, procura desenhar esse rasto de quem desapareceu, oferecendo leituras contemporâneas sobre os corpos de quem, ainda hoje, vive mergulhado numa invisibilidade imposta pelos outros.
Um projeto UMCOLETIVO: Bruno Caracol, Cátia Terrinca, João P. Nunes, Raquel Pedro, Ricardo Boléo e Rui Salabarda com Elizabeth Pinard, João Branco e Batucadeiras das Olaias
Teatro Garcia de Resende
A parceria de acolhimento com o CENDREV incluí a delegação de espaços para montagens, ensaios e apresentação. Disponibilização de equipamento e de pessoal técnico, serviços de frente de casa e bilheteira do TGR, bem como apoio na divulgação e comunicação do evento.
O evento é integrado na programação no âmbito da RTCP – Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses.
Informações: (+351) 266 703 112 / Contactos
Compra de bilhetes: www.bol.pt






